Notícias

CIC-BG aproxima conceitos da indústria 4.0 das empresas locais

CIC-BG aproxima conceitos da indústria 4.0 das empresas locais

Case da Meber Metais ajudou a tratar do tema em transmissão online realizada pela entidade

Ainda não inserido na rotina produtiva, em breve o conceito da Indústria 4.0 será realidade para praticamente todas as empresas – motivo pelo qual o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) elegeu o assunto como tema para sua agenda de lives. O case da Meber Metais, indústria com quase 60 anos de tradição no segmento, foi apresentado na noite de 24 de agosto para auxiliar na desmistificação como ocorre, na prática, da implantação da Indústria 4.0.

O conceito, surgido na Alemanha em 2011, demarcou o início da chamada quarta revolução industrial, conhecida por fundir Automação e Tecnologia da Informação, a fim de otimizar processos dentro das empresas, gerando economia e aumento de produtividade. Após análise de cases e participações em seminários, mas sobretudo, a partir da visão de inovação presente na empresa desde seus primórdios, a Meber investiu na adoção dessa prática em sua planta fabril, sendo uma das pioneiras na região a adotar tal metodologia.

Um dos pontos iniciais do projeto foi reforçar a TI para atualizar a empresa com conceitos como Dados em Nuvem, Big Data, Inteligência Artificial e Segurança da Informação, entre outros. "Fizemos uma pesquisa e ela trouxe dados terríveis sobre o quanto estávamos gastando com impressão de papel. Eram ordens de produção por célula, para mesas de montagem de componentes, e começamos a nos perguntar por quê. Por que precisamos que cada operador (de máquina) anote quando começou a trabalhar e quando parou, por que precisa preencher um monte de planilhas? E assim lincamos com a indústria 4.0", comenta o diretor da empresa, Marcio Chiaramonte.

Depois de alguns testes infrutíferos, em 2019 a Meber teve contato com a startup Seculor, que permitiu a aproximação com as ferramentas da Indústria 4.0, a partir da instalação de dois sistemas em suas máquinas, cujo monitoramento passou a ser feito por um aplicativo de smartphone. A Empresa já tinha uma produção organizada, monitorada pelo Índice de Rendimento Operacional Global dos Equipamentos (IROG). Quando passou a computadorizar os dados, transformou as informações das máquinas em conteúdos digitais através da conectividade, instalando nelas sensores que conversam com a nuvem (sistema de armazenamento e gerenciamento de dados). Essa sistemática permite acompanhar o status de operação das máquinas e, sobretudo, gerar informações utilizadas como suporte para a tomada de decisões na área fabril.

 

Como implantar a indústria 4.0

Os dados dos postos produtivos serão essenciais para outra etapa da Indústria 4.0, que é a utilização de Inteligência Artificial. "Teremos capacidade preditiva, ou seja, a máquina vai saber, por exemplo, que produziu 4 mil peças na unidade tal e que, neste momento, será preciso trocar a lixa", comenta Chiaramonte.

Como desafios tecnológicos na implantação, a Meber precisou identificar a parte de sensorização IoT (internet das coisas) – os sensores específicos conectados às máquinas –, e os dispositivos IHM (interface homem-máquina), responsáveis pelo envio das mensagens relevantes, de volta para as máquinas. Além disso, os monitores de produtividade e manutenção, que realimentam a empresa com informações, e a implantação de gerenciamento eletrônico de produção foram necessários.

Assim, por exemplo, é possível saber o tempo médio que é gasto para produzir determinada peça. "Isso é muito importante, porque implica diretamente na constituição de custos de nossos produtos. Cada diminuição de tempo, cada aumento de eficiência, nós conseguimos medir quanto isso traz de resultado para a empresa. Antes, essa análise era feita por cronoanálise, com o tempo medido por cronometragem", diz o Analista de Inovação, Eldemar Neto. Apesar dos bons resultados, a empresa entende que cumpriu metade do processo de visibilidade e vem avançando no item transparência. "Já temos dados confiáveis e validados que estão dando suporte na tomada de decisão", diz Neto.

 

Como aplicar na prática

Chiaramonte compartilhou o que chama de receita para a implantação da Indústria 4.0. É um modelo básico direcionado não só para a iniciativa privada, mas também para o poder público. Segundo o modelo, antes de tudo é preciso ter os processos produtivos mapeados e organizados. Depois, é necessário um trabalho de computadorização, oferecer conectividade, dar visibilidade e transparência, até chegar à capacidade preditiva e, finalmente, ter toda a indústria adaptada. "É um processo de engenharia, que precisa ser gestado de cima para baixo, e requer muito treinamento. A vantagem é que o momento atual é muito oportuno para ingressar nesse modelo. Hoje, a conectividade está mais acessível do que quando se começou a falar em Indústria 4.0", diz Chiaramonte. 

Aderir a essa prática é garantia de competitividade para qualquer tipo de negócio, na avaliação dele. "Independentemente de qual atividade a empresa tenha, ela será digital. Sempre aparecerá mais uma nova oportunidade de digitalização dos negócios, permitindo às organizações colher resultados graças ao armazenamento de dados e à Inteligência Artificial, que tomará decisões com base neles. A Indústria 4.0 não é o futuro, ela é o hoje", afirma.

Também participou da live Vinícius Piva, diretor de Gestão e Inovação do CIC-BG, mediador do bate-papo. A apresentação integral pode ser assistida nas redes sociais da entidade ou pelo link https://tinyurl.com/y425xr9y.