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CIC-BG encampa ações pela retomada sustentável da economia

Desde o início da pandemia, entidade tem trabalhado na representação das demandas empresariais em equilíbrio com as questões sociais e de saúde

Desde que as primeiras ameaças do coronavírus chegaram a Bento Gonçalves, em meados de março, organismos públicos e privados, como o Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG), traçaram um ousado – e equilibrado – planejamento para manter saudável a população e os negócios da cidade.

O escopo dessa estratégia incluía, primeiramente, a defesa da vida. Logo após, as ações do CIC-BG se direcionaram para as tratativas de manter as empresas em operação. E, em meio à pandemia, surgiu a necessidade de se integrar a outras entidades estaduais, a fim de compartilhar inquietudes e soluções, e juntar-se num grande debate para evitar o colapso social e econômico do Estado, envolvendo, também, a classe política.

Tudo isso só foi possível a partir do trabalho coletivo, tirando benefício do esforço cooperado – algo que o CIC-BG está bem familiarizado – para atingir objetivos comuns. Em retrospectiva, saiba como a centenária instituição empresarial se articulou para protagonizar ações ao lado dos órgãos competentes e amenizar os efeitos da covid-19 tanto na saúde quanto na economia.

 

Reforço na estrutura de saúde

Foi coletivamente que entidades como o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) se engajaram para enfrentar a pandemia na cidade. Em atendimento a um chamado do poder público, na pessoa do prefeito Guilherme Pasin, no dia 15 de março, antes de os primeiros casos serem notificados no município, um mutirão protagonizado pela instituição envolveu entidades, empresas e pessoas físicas com o intuito de arrecadar recursos e construir, na UPA, 40 leitos emergenciais para o atendimento de pacientes com a covid-19.

O resultado foi além do esperado. No total, R$ 762 mil foram depositados numa conta, no Sicredi, especialmente aberta para essa finalidade. Com os recursos solidários além do necessário, os planos iniciais do movimento denominado Unidos por Bento foram expandidos.

O grupo de voluntários aplicou R$ 366 mil nas obras dos leitos, coordenadas pelo presidente da Ascon Vinhedos, Milton Milan. Os quartos ficaram prontos no final de abril e receberam os primeiros pacientes na metade de maio. O trabalho demonstrou quanto a celeridade de planejamento e de ações, com grande articulação do então secretário de Saúde, Diogo Siqueira, foi importante para que a estrutura de saúde municipal não entrasse em colapso. “Problemas desse porte exigem medidas da mesma magnitude. Todos entenderam quais eram seus deveres para mitigar ao máximo o impacto do coronavírus em Bento, e acredito que obtivemos um bom resultado justamente porque dialogamos juntos, poder público e iniciativa privada, buscando alternativas para esse momento”, avalia o presidente do CIC-BG, Rogério Capoani.

Em paralelo aos investimentos nos leitos de isolamento, o Unidos por Bento contemplou outras frentes de atuação contra a covid-19. Uma das principais foi abastecer com R$ 200 mil o Comitê de Atenção ao Coronavírus – integrado pela Secretaria Municipal de Saúde, Vigilância Epidemiológica, Hospital Tacchini, Unimed, Associação Médica de Bento Gonçalves, Secretaria Municipal de Educação, além de representantes da 5ª Coordenadoria de Saúde. Toda essa verba foi aplicada na aquisição de testes para a covid-19 e de EPIs para os profissionais da saúde.

Outra grande parte dos recursos, R$ 150 mil, foi repassada ao Hospital Tacchini, que utilizou esse dinheiro com foco nas necessidades prioritárias de saúde para a comunidade. Os recursos também serviram para o movimento idealizar uma campanha de conscientização na cidade. A ação Retorno Responsável, um conjunto de medidas de 15 entidades para conscientizar a sociedade sobre a importância em adotar os protocolos de saúde, inclui um site (www.retornoresponsavel.com.br), um vídeo institucional e outras iniciativas, como cards com mensagens nas redes sociais.

Desse modo, com a força solidária dos bento-gonçalvenses, mais de R$ 724 mil foram aplicados no enfrentamento à covid-19, restando um saldo de  cerca de R$ 38 mil. Esses recursos têm como destino a continuidade de investimento na campanha retorno responsável para maior conscientização e auxílio na prevenção à saúde da comunidade, amenizando os efeitos da covid-19 tanto na saúde quanto na economia.

 

Adaptação a uma nova realidade

O surto do coronavírus trouxe diversas mudanças na rotina das pessoas. Uma delas foi o isolamento social, como forma de manter o contágio da doença em níveis controlados, o que acabou alterando profundamente, também, a vida das empresas. No dia 20 de março, a prefeitura deu início a um período de fechamento de estabelecimentos considerados não essenciais. A paralisação em indústrias e em estabelecimentos comerciais e de serviços seguiu até 5 de abril, gerando apreensão no meio empresarial.

Tão prontamente ao anúncio, o CIC-BG deu início a tratativas para compensar o setor produtivo, estabelecendo diálogos com autarquias federais, estaduais e municipais para suspensão da cobrança de impostos, redução de taxas, ampliação das linhas de financiamento, adequações na legislação trabalhistas, entre outras.

Ciente das necessidades para cumprir as medidas protetivas e, ao mesmo tempo, atender à demanda do setor produtivo, a entidade propôs ao Executivo, já no dia 27 de março, um retorno gradual às atividades no dia 1º de abril. A proposta, assinada pelo CIC-BG e subscrita por outras 13 entidades, era para priorizar o isolamento do grupo de risco e liberar os demais para o trabalho, seguindo todo protocolo das autoridades de saúde. As atividades industriais, no entanto, seguiram o decreto da prefeitura e tiveram reabertura gradual no dia 6 de abril. O comércio, por conta de um decreto estadual, precisou permanecer fechado mais um tempo, reabrindo no dia 16 de abril.

 

Apoio institucional ampliado

Outra importante ação protagonizada pelo CIC-BG foi ampliar seu apoio institucional aos associados, tanto na forma de geração de conteúdos a respeito da pandemia, como de maneira representativa junto aos poderes constituídos. Uma das ações mais contundentes do CIC-BG é a participação no Fórum de Combate ao Colapso Social e Econômico do RS, promovido pela Assembleia Legislativa com o apoio de entidades de classe. Capoani tem participado desde o início dos debates, em março, com deputados, senadores, representantes do governo e de quase 30 setores produtivos que estão radiografando a situação do Estado e encontrando formas de garantir a vida e a renda das pessoas.

Dessa participação por videoconferência, o CIC-BG tem trazido a seus associados estudos sobre consumo e cenários de retomada, por exemplo. E também uma compreensão macro do problema na cadeia de atividades do Estado. Ao todo, já foram realizados doze encontros até o dia 23 de junho.

A confecção de materiais informativos, na forma de notícias ou e-books, também foi uma forma de alimentar os associados com atualizações importantes sobre o impacto da covid-19 nos negócios. As mudanças na legislação trabalhista, as ações do governo para financiar empresas, os impostos mitigados e protocolos de segurança para o exercício das atividades foram compilados e compartilhados com os associados. Também, foram criadas lives transmitidas pelo Facebook da entidade para apoiar o empresariado no enfrentamento aos efeitos econômicos da pandemia, abordando temas como inovação, educação financeira, comércio eletrônico, entre outros. Além disso, também via internet, o CIC-BG ampliou a possibilidade de as empresas afiliadas divulgarem seus produtos e serviços com a criação da Sala do Associado nas redes sociais da entidade.

 

Trabalho que continua

Com ainda mais afinco desde o início da pandemia em Bento, o CIC-BG tem se dedicado a compreender as necessidades dos setores produtivos e trabalhar as pautas de forma representativa com os poderes Executivo e Legislativo em âmbitos municipal e estadual. Depois de focar de maneira intensa para o retorno controlado das atividades da indústria e do comércio, agora a atenção do CIC-BG está voltada para a área de eventos, uma das mais prejudicadas por conta da pandemia. Essa pauta também já está sendo tratada no Fórum da AL, a fim de que algumas flexibilizações permitam a volta gradual de certos eventos a partir do segundo semestre.

Além disso, o CIC-BG faz parte de um amplo movimento regional criado para radiografar a situação da Serra no enfrentamento ao covid-19. Para essa finalidade, desenvolveu e socializou uma plataforma de coleta e análise de dados – que, alimentada coletivamente, permite avaliar o cenário da região tendo em vista os 11 indicadores utilizados pelo Estado. Agora, o desafio é trabalhar pela manutenção da classificação da região como bandeira laranja – impedindo seu retorno à condição de bandeira vermelha e concentrando esforços em busca de um cenário ainda mais favorável: a bandeira amarela.

 

 

Todo o detalhamento contábil da captação de recursos, incluindo as entradas e as saídas com as devidas notas fiscais comprobatórias, estão à disposição neste link: https://bit.ly/3fYpc5w

 

Fotos: Emanuele Nicola