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Painel ‘A mulher na sociedade’: Elas lideram

 

Encontro no CIC-BG provocou debate sobre o papel da mulher na sociedade e discutiu temas como feminismo e família

 

Elas são bem-sucedidas profissionalmente. Engajadas nas causas da comunidade. Conciliam seus projetos pessoas com uma rotina cada vez mais atarefada – tudo isso sem perder a feminilidade e, principalmente, notabilizando que as mulheres estão, sim, no mesmo patamar que os homens em todas as áreas. Além de comutarem essas qualidades, as painelistas que participaram do encontro ‘A mulher na sociedade’, realizado na manhã de 25 de março no Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves, foram unânimes em um desejo: elas querem respeito e defendem igualdade. Essa foi a tônica dos discursos durante painel reuniu Erci Grapiglia, coordenadora geral do festival Bento em Dança e presidente do Lar da Caridade; Maria Isabel Zerman Machado, Delegada de Polícia, Titular da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves; Romani Terezinha Bortolas Dalcin, Juíza de Direito diretora do Fórum de Bento Gonçalves, titular da Terceira Vara Cível e também Juíza Eleitoral; Susana Tercila Giordani, empresária do Grupo Giordani Turismo e Greice Scotton Locatelli, Jornalista e Editora-chefe do jornal Serranossa, na condição de mediadora. No CIC-BG, foram recepcionadas pelo presidente Elton Paulo Gialdi. “Poucas vezes esse salão esteve tão bem frequentado – não só pela beleza e simpatia das mais de 130 mulheres que nos prestigiam, mas pelas histórias de vida inspiradoras que elas têm para compartilhar”, disse.

Distantes dos conceitos extremista de feminismo, elas defenderam que o ser humano – homens e mulheres – precisam ser tratados da mesma forma, com respeito a seus direitos, igualdade de condições e oportunidades. Sem favorecimentos ou cerceamentos. “Não concordo que a mulher precise de proteção ou benefícios. Chega de nos colocarmos nessa condição de ‘coitadismo’. Vamos à luta, vamos crescer, vamos vencer”, sintetizou a juíza Romani Dalcin. Em concordância, a empresária Susana repetiu uma máxima que ensina aos filhos: “coloque vontade no corpo e vá batalhar. Alcance suas conquistas por mérito próprio. Isso vale tanto para mulheres quanto para homens: o critério da meritocracia”, cravou.

Tão capazes quantos os homens, as mulheres não podem cometer o erro de se diminuírem, na opinião de Erci Grapiglia. “Nós estamos em posição de igualdade com o homem, temos as mesmas capacidades. Não podemos ser submissas e nem utilizar isso de pretexto para deixarmos de fazer a nossa parte. Vamos nos assumir enquanto mulheres e ir em busca do que queremos”, afirmou.

Esse empoderamento, felizmente, é um discurso que saiu da retórica e ganhou a prática. “É nítido que, hoje, a mulher está muito mais forte e confiante para brigar por seus direitos. Para denunciar uma agressão – fatos que, certamente, já ocorriam, mas que agora não estão mais sendo tolerados em silêncio. As mulheres estão mais crentes nas instituições e, principalmente, não estão mais dispostas a sofrer abusos”, disse a delegada Maria Isabel Zerman Machado.

 

Família e valores

Tabu na sociedade, o papel da mulher na família foi tema de reflexões durante o painel. Instigadas pela questão da mediadora Greice Scotton Locatelli, as painelistas opinaram sobre até que ponto a multiplicidade de papeis da mulher – e sua consequente ausência em tempo integral do seio familiar – influencia em aspectos como a formação dos filhos, por exemplo. “Acredito que um tempo de qualidade passado com as crianças seja muito mais valioso do que a quantidade de horas. Os filhos precisam sentir que a mãe está bem, realizada – e só nessa condição a mulher consegue exercer bem seu papel”, disse Susana.

O debate relembrou, também, sobre a responsabilidade que mães – e pais – carregam para com os filhos. “O ambiente familiar dá condições para uma criança se desenvolver pelo caminho da retidão. Os pais têm essa responsabilidade de criar uma juventude mais saudável através da transmissão de valores, de olhar para esse outro ser”, alertou Erci. Cabe a eles, então, o direito e o dever de ser duros e exigentes com relação aos filhos. “Estamos assistindo nas últimas décadas a uma ditadura dos filhos sobre os pais. Essa falta de firmeza na educação gera jovens despreparados”, disse Romani.

 

Envelhecimento e aceitação

Inevitável quando o assunto são mulheres, o tema da vaidade foi abordado sob diferentes pontos de vista. “Você precisa saber dosar a vaidade. É importante se valorizar e se cuidar, mas isso não pode criar uma barreira que dificulta o acesso das pessoas a você. No ambiente de uma delegacia, onde muitas vezes as pessoas chegam após sofrer uma agressão, é preciso um equilíbrio para que o excesso não seja intimidador”, ponderou Maria Isabel.

Se é verdade a máxima de que o tempo passa para todas, vale o conselho de Erci Grapiglia: “Prepare-se e aprenda com o envelhecimento, ele faz com que seus valores e prioridades mudem. Mas, acima de tudo e sempre: amem-se na condição em que estão, não briguem consigo mesmas”, ponderou.